Outras armas



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Maças

Maças nada mais são que um cabo com um peso numa das pontas. Elas existem desde as primeiras civilizações humanas e seu desenho não mudou muito, exceto alguns estilos de adornos que variavam de região para região e os materiais com que suas partes eram feitas.
Não existe nenhum achado que nos convença de que elas eram usadas como armas durante o período que cobrimos na região da Escandinávia, no entanto, temos algumas imagens na tapeçaria de Bayeux, uma, inclusive, provavelmente sendo arremessada. Os pouquíssimos achados são encarados como símbolos de status (a exemplo de cetros) e não como armas propriamente ditas.
No atual leste europeu, porém, a situação podia ser diferente. Temos mais achados quando nos deparamos com os Rus, tanto de Kiev como Novgorod, o que pode ser explicado com o contato com os povos das estepes da Ásia. Como arma de cavalaria ou símbolo de comando militar, elas eram usadas pelos asiáticos e inevitavelmente foram incorporadas pelos eslavos mais orientais, mas no contexto da Era Viking, com formações em parede de escudo compostas por guerreiros à pé, não é de se estranhar seu desuso.
Apesar da referência à tapeçaria, no Escudo dos Vales permitimos apenas que membros com recortes que retratem os Rus as utilizem e entre esses, apenas os que retratem homens proeminentes socialmente, embora sua ineficácia em combate com outras armas do período as torne basicamente uma peça de decoração. Porém, para tornar seu uso interessante, no Escudo as maças seguem as mesmas regras de combate que machados.
Os cabos devem ser obrigatoriamente de madeira, medir aproximadamente entre 50 e 80cm, e suas cabeças devem ser como no exemplo à seguir, feitas de ligas de cobre (como latão ou bronze) ou ferro.

Uma arma que possivelmente era uma maça arremessada na tapeçaria de Bayeux.

Guilherme, o Conquistador e seu meio irmão, Bispo Odo de Bayeux, com maças/cetros.
Exemplos de maças russas.

Atgeirr, kesja, fleinn, heftisax e outras armas de haste além do machado e lança

Algumas armas de haste são citadas nas sagas. Basicamente, o descrito em todas essas passagens são armas com o mesmo funcionamento, entre elas, o atgeirr, kesja, fleinn e heftisax (que pelo nome sugere uma lâmina de faca presa a uma haste). Algumas dessas palavras não constam em nenhuma outra fonte escrita.
Em geral, todas podem ser interpretadas como um poleaxe, alabarda, glaive ou algumas outras armas de haste medievais contemporâneas às sagas em si.
Ao que tudo indica, consistiam de uma lâmina cortante presa a um cabo longo, mas diferente das lanças, teria também o intuito de cortar e não apenas perfurar.
Devido à total ausência de evidência material, elas são proibidas em nosso grupo, mas consideramos válido colocar essas informações aqui para um possível uso em outros grupos.

Armas improvisadas

Algumas armas que eventualmente chegam a ser usadas nas apresentações não podem ser enquadradas numa categoria restrita. O motivo é simples: não se tratam exatamente de armas.

Desde que usado com alguma responsabilidade, qualquer objeto do período que recriamos pode ser encarado como arma. As sagas nos dão exemplos das coisas mais diversas sendo usadas em combates, de pedras a bigornas, passando por capas, remos, ossos (no caso da Hávarðar saga Ísfirðing, um osso de baleia, mas isso sugere que qualquer um pudesse ser usado), etc...

Nós não encorajamos o uso intensivo desses itens, uma vez que alguém que retrate um guerreiro de elite, um nobre ou um homem rico, independente do período e região, dificilmente usaria objetos usados por trabalhadores, como rastelos, foices e pás, por exemplo, embora o aproveitamento de situações inesperadas possa ser interessante, como um lutador desarmado agarrar um elmo, um escudo, uma pedra ou mesmo jogar uma cota de malha em cima do adversário para ganhar tempo, espaço ou a própria luta.

Obviamente, restringimos o arremesso de qualquer objeto rígido contra alvos sem uma proteção adequada (como uma pedra sobre alguém sem um elmo), mas lançar um manto contra um oponente qualquer, no entanto, é algo perfeitamente viável. A regra principal para essas armas é o bom senso.

Nem toda arma improvisada precisa ser arremessada, claro. Usar um remo num combate seria como usar uma lança ou machado danês. Um pedaço longo de lenha pode ser usado quase da mesma maneira que um tacape, maça, espada ou machado, dependendo das preferências do usuário.

Um objeto improvisado digno de alguma nota é a capa/manto ou qualquer pedaço de pano razoavelmente grande. Além de constar em manuais posteriores de esgrima, na Finnboga saga ramma, Finnbogi usa sua capa como arma e, embora as sagas sejam posteriores à Era Viking e devam sempre ser olhadas com cautela, parece-nos bastante cabível que uma peça do vestuário comum a praticamente todos os homens fosse usada em situações extremas contra agressores.

Uso de capa em combinação com espada. Xilogravura do tratado Opera Nova, de Achille Marozzo, da edição de 1536.
Espada e capa de Giacomo di Grassi. Xilogravura do século XVI.
Rapiere e capa presentes no Gran Simulacro dell'Arte e dell'Uso della Scherma, de Ridolfo Capo Ferro da Cagli , manual republicado algumas vezes ao longo da primeira metade so século XVII

Combate desarmado

Num geral, os membros do Escudo dos Vales não praticam wrestling em apresentações, com raras excessões. Não há o menor sentido em vestir cotas de malha, elmos e braceletes para lutar com as mãos vazias contra um oponente em iguais condições, mas na falta de qualquer outra opção, permitimos o uso do próprio corpo como arma, apesar de ser algo completamente estúpido contra um oponente armado. Apesar da maioria das artes marciais criarem sistemas de defesa contra oponentes armados, grande parte das técnicas são totalmente ineficazes contra oponentes usando escudos, elmos, braceletes e muitas vezes com mais armas na cintura, não por deficiência da arte em questão, mas simplesmente porque nenhuma arte marcial comum na atualidade se preocupou em estudar defesas desarmadas contra oponentes usando tais equipamentos, por motivos mais do que óbvios. Ao se prender o braço de alguém, o outro braço ainda está livre para sacar uma seax e usá-la. Um mata-leão mal aplicado contra alguém usando um elmo com avental de malha pode simplesmente permitir que a cabeça do oponente escorregue e este se liberte ou é capaz de gerar um corte no braço de quem aplica o golpe, dependendo do elmo. Um bem realizado, no entanto, não impediria a vítima de tirar uma lâmina da bainha e a enfiasse, digamos, em qualquer lugar à mostra do agressor. Algumas armaduras, como a lamelar, são capazes de rasgar com facilidade as roupas e a pele de alguém que tente aplicar algum tipo de chave.

Esses exemplos servem apenas para dizer o quão ineficiente e insensato seria para qualquer guerreiro em qualquer período da idade média largar suas armas para lutar com as mãos. Diferente do abandono de armaduras para aliviar do peso ou ganhar mobilidade, como relatado em algumas fontes, abandonar uma arma seria nada mais que suicídio, a não ser em raríssimas ocasiões onde se tem total controle da situação (como um oponente desorientado, ou largar uma lança para desembainhar uma espada), o que certamente não aconteceria num campo de batalha ou num duelo contra um adversário preparado. Porém, casualidades ocorrem e um machado pode escorregar ou um golpe na mão pode forçá-la a se abrir, liberando uma espada ou seax, deixando um lutador em apuros contra a vontade e até que se encontre uma arma para usar, socos e chutes funcionam mais do que se encolher ou virar as costas.

Além disso, no Escudo dos Vales, encaramos que um lutador que deliberadamente largue suas armas se julgue superior e capaz de derrotar, com as mãos nuas, um oponente armado e treinado. Nestes casos, aconselhamos aos nossos membros a colocar este julgamento à prova, ainda que essa decisão caiba exclusivamente ao membro em particular.